31 de ago. de 2009

Valsa - 1ª parte

Quem pensa em valsa e lembra de uma dança elegante e requintada, jamais poderia imaginar que ela já foi um ritmo proibido. Uma dança que depravava a sociedade, instigando os mais baixos pensamentos da carne.


Baile de debutantes em Viena.

A grande dama da dança de salão teve um longo percurso até chegar ao status que tem hoje. Ela surgiu na região onde hoje é a Alemanha no século XVII, como uma dança de camponeses e com algumas adaptações, o folclore camponês, entrou nos salões de dança da aristocracia. Seu ritmo ternário era semelhante a um Ländler ou uma Allemande e foi imediatamente aceita pela alta sociedade vienense. A Valsa e o seu sucesso seguiram para França (só em Paris chegaram a existir 700 salões de dança!) e depois para Espanha e Portugal.

Mas o motivo para tanto espanto é porque a valsa apresentava uma grande novidade: o contato frente-a-frente dos dançarinos. Ao contrário das danças existentes até então – onde o par dançava separado e o maior contato entre o casal era o toque das mãos – a valsa implicava em um contato físico muito próximo e, por incrível que pareça, foi desde logo batizada de “dança proibida” e apontada como uma dança vulgar, ou seja, um autêntico pecado!

Mas como tudo que é proibido desperta um certo interesse e curiosidade sua popularidade e aceitação continuaram a crescer ao longo de todo o século XIX por dois motivos: os seus passos básicos eram fáceis de aprender e, como escreveu José Ramos Tinhorão, os salões de dança eram os "únicos espaços públicos de aproximação, que a época oferecia a namorados e amantes”.

Claudia Entres